sábado, 10 de outubro de 2015

Eliminatórias 2018 - O maior adversário do Brasil será o brasileiro

Chile 2x0 Brasil - Mais um 7x1 pra conta

E, mais uma vez, a seleção brasileira de futebol passou vergonha.
Pela primeira vez na história das eliminatórias sul americanas para a Copa do Mundo, o Brasil perdeu no jogo de estreia.

Pra mim, isso é um novo 7x1.

Muitos podem até ponderar: ah, mas foi uma derrota para o Chile, atual campeão da Copa América, jogando na casa do adversário.
Sim, a seleção chilena é boa por completa, desde o goleiro até o ataque. Existe qualidade, isso é inquestionável. Além disso, a proposta de jogo de Jorge Sampaoli é ofensiva, sem se intimidar. No passado, uma tática suicida contra a seleção brasileira, prova de que não somos mais temidos.

Voltando a falar sobre a seleção chilena. Para quem foi campeã da Copa América aos trancos e barrancos (revejam os jogos antes de cornetarem, por favor), era OBRIGAÇÃO da seleção brasileira sair com um empate. Afinal de contas, os mesmos valores individuais que eles tem, nós também temos. 

Entretanto, nosso ilustre treinador fez o favor de ajudar os chilenos. Ao escalar uma equipe no esquema 4-5-1, a proposta do Brasil era justamente segurar o empate e tentar marcar um gol em um contra ataque. Quem diria que, um dia, iríamos ver a nossa seleção jogar assim contra o todo poderoso Chile. 

O empate não veio e saímos com uma bela derrota de Santiago.

Para piorar a situação, a mídia (sempre ela) tenta amenizar essa derrota vergonhosa, dizendo que 'pra Argentina foi pior, porque perdeu em casa'.
Comparação totalmente equivocada, porque os jogadores escolhidos por Gerardo Martino tem fome de bola e querem mostrar a todos que a Argentina é a melhor seleção da América do Sul.

Argentina 0x1 Equador, gol de Erazo

Com um plantel de mesma qualidade individual que o Brasil, o grande diferencial da Argentina vem das arquibancadas. Pois é, mesmo com o país em crise, os argentinos não deixam de vestir 'azul e branco' e estão presentes em cada jogo, 'empurrando' a seleção. O público no Monumental de Buenos Aires foi tímido, cerca de 35 mil pessoas num estádio que pode receber 65 mil, mas não representou falta de incentivo.

E é justamente o oposto que veremos nos jogos que o Brasil for o mandante. A torcida não vai se preocupar em apoiar a seleção. Vai se concentrar em gritar "Ei, Dilma, vai tomar no c*" (e não vão citar Cunha e/ou PMDB, confirmando a alienação), vaiar alguns jogadores em específico e, no primeiro erro grotesco, vai torcer para o adversário.

Será nesse clima hostil que a seleção brasileira vai encarar a Venezuela, dia 13/10, em Fortaleza, cidade que possui alto índice de reprovação do governo.

Desde quando me entendo por gente, vejo que o esporte tem sido a válvula de escape para amenizar o descontentamento do povo com o cenário político no Brasil.

Na década de 80, essa missão ficou por conta da Seleção Brasileira. Substantivo próprio, porque aquilo sim que era uma seleção. Época que os 'mais velhos' contam com brilho nos olhos, da alegria que aquela Seleção dava ao povo brasileiro, que passava por maus bocados com a situação econômica do país durante a ditadura. 

A Seleção de 1982
Em pé: Waldir Peres, Leandro, Oscar, Paulo Roberto Falcão, Luizinho e Júnior
Agachados: Sócrates, Toninho Cerezo, Serginho Chulapa, Zico e Éder Aleixo.

Após duas Copas perdidas, veio um tal de Ayrton Senna para resgatar o orgulho nacional, carregando nossa bandeira a cada vitória. Combinação perfeita para criação do mito. Como muito bem dito por Miriam Leitão no livro "Saga Brasileira", as vitórias do Senna eram um alento naquele tempo, já que a inflação dava uma trégua aos domingos. 

Ayrton Senna: se não tivesse a bandeira no final, o fim de semana estava incompleto

Na década de 90, início do processo de redemocratização do Brasil, o futebol torna-se novamente presente. Aquela Copa do Mundo de 1994 foi providencial para a população esquecer dos problemas do dia a dia.

O futebol também foi bem presente na década de 2000, com a Copa do Mundo de 2002 e com os principais times conquistando títulos de expressão. Além disso, tivemos o primeiro presidente de origem popular. Era a vitória do pobre contra o rico. Cenário melhor que esse, impossível. Foram anos de lua de mel.

Lula, eleito presidente da República em 2002: finalmente, o povo se sentia representado

Então chegou a década de 2010. Vivemos uma crise sem tamanho, em todos os segmentos e classes sociais. Desta vez, não temos o esporte como válvula de escape. Não somos mais a potência no vôlei, Guga não deixou herdeiros no tênis, as emissoras nacionais desistiram do automobilismo etc. Até o futebol não está fazendo seu 'papel', pois o povo já está cansado de ser enganado e roubado.

Isso sem contar com os escândalos das construções dos estádios para a Copa do Mundo de 2014 e das instalações para os Jogos Olímpicos de 2016.

Sendo assim, a derrota para o Chile foi um tropeço gigante, tendo em vista que jogar em casa, nessas circunstâncias, será o maior adversário para o Brasil nessas Eliminatórias. 

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