quarta-feira, 20 de maio de 2015

Bohemia Caá-Yari


No dia 16 de maio de 2015, a Cervejaria Bohemia promoveu um evento em sua sede (Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro)  para comemorar o lançamento de 3 novas cervejas. Divulgadas em primeira mão no Mondial de La Biere do ano passado, a Bohemia realmente resolveu entrar de vez no mundo das cervejas especiais, com rótulos que levam ingredientes tipicamente brasileiros.



Quis o destino contribuir com a data escolhida, presenteando os presentes com aquele tempo ameno pela manhã, uma leve garoa a tarde e aquele frio característico de Petrópolis no fim do dia. Com ótimas comidas nos quatro foodtrucks disponíveis, duas bandas selecionadas a dedo e, é claro, três cervejas totalmente surpreendentes, é impossível não dizer que o evento foi um sucesso.

Mesmo não visitando a fábrica da Cervejaria Bohemia (deixamos para uma outra oportunidade), foi interessante ver o espaço criado para as novas cervas, com direito a exposição dos ingredientes, os tanques onde são produzidas e os rótulos comercializados na loja. Vale destacar os rótulos da Wals que estão à disposição, fruto da união entre as cervejarias, divulgada publicamente em fevereiro deste ano.





  


Cervejaria Bohemia
A marca de cerveja BOHEMIA surgiu em fevereiro de 1853, com produção artesanal, na cidade de Petrópolis, região serrana do estado do Rio de Janeiro, pelas mãos do imigrante alemão Henrique Kremer, um conceituado artista que se especializara na cobertura de casas com tábuas. Quando foi fundada, a BOHEMIA tinha todas as características das pequenas cervejarias tipicamente alemãs, inclusive em relação à qualidade. Sua produção inicial era de seis mil garrafas por mês. A distribuição era feita por carros puxados por animais, charretes e até carrinhos de mão, inicialmente, com vendas diretas (da fábrica para os negociantes) e, mais tarde, por meio de pequenos revendedores da cidade de Petrópolis e região. O produto logo ficou famoso na região por seu sabor, tornando-se uma das cervejas prediletas da corte de Dom Pedro II. A BOHEMIA tinha características de uma cerveja com estilo alemã: amarga e forte. Com o decorrer dos anos, seu sabor passou a adquirir as características de outras marcas existentes: mais leve suave e menos amarga, atingindo o padrão tradicional de qualidade dos dias atuais.

Com a morte de Henrique, em 1865, seus herdeiros constituíram a empresa Augusto Kremer & Cia., que existiu até que os sócios se separaram, em 1876, ficando à frente da empresa Frederico Guilherme Lindscheid. Foi então que a cervejaria recebeu o nome de Imperial Fábrica de Cerveja Nacional e sua cerveja passou a ser conhecida como “ouro líquido”. Entretanto, informalmente os consumidores chamavam a cerveja de BOHEMIA. A história não registra por que. Seria talvez porque Kremer fosse originário daquela região da Alemanha. Em 1898, com a morte de Frederico, sua filha, Carolina, então casada com Henrique Kremer, neto do fundador, e o mais novo sócio, Guilherme Bradac, criaram a Companhia Cervejaria Bohemia.

Em 2010, a BOHEMIA voltou às suas raízes com o anúncio da revitalização da Cervejaria Bohemia em Petrópolis. Além da operação fabril, que havia sido interrompida em 1998, a Cervejaria Bohemia resgata a cultura cervejeira da cidade imperial, além de possibilitar aos moradores de Petrópolis e visitantes de todo país a conhecer a história, ritos e mitos da cerveja no Brasil.

Sobre a Caá-Yari 
Terceira e última cerveja a ser degustada. A cor, um marrom/cobre, foge um pouco das blond ales tradicionais, talvez devido a erva-mate. Portanto, mente aberta ao provar essa cerva. Ligeiramente turva, com espuma de média formação e duração. No aroma, especiarias, canela, erva mate bem discreta e um dulçor que não soube identificar. No sabor, as notas doces ficam mais assertivas, assim como a erva mate. Corpo leve. Carbonatação baixa/média. Álcool ligeiramente assertivo.


Conclusão: olha, eu fui esperando uma cerveja com erva-mate com mais presença, mas encontrei uma cerveja que prezou pelo dulçor e acabou ficando num meio termo bastante confuso. Se é uma boa cerveja? Diria que sim, mas falaria pra você experimentar outras antes dessa.

INFORMAÇÕES
Caá-Yari
Estilo: Belgian Blond Ale
Álcool: 6,5%
Cervejaria: Bohemia
País: Brasil
Comprada em: Cervejaria Bohemia - Petrópolis/RJ
Preço: R$ 8,00 (chopp) / R$ 12,00 (garrafa 330ml) / R$ 17,00 (garrafa 600ml)


Curiosidade: significado de Caá-Yari

Apesar da cerveja não ser lá essas coisas, me fascina as histórias do nosso folclore.

Pois bem. Entre um dos povos de fala guarani, na região do Guairá, havia uma moça de nome Yarí-i, que tinha um velho pai. A tribo chegava num lugar, derrubava mata, plantava mandioca e milho. Mas quando a terra ficava fraca e a caça e pesca começava a escassear, era hora de mudar.

Yarí-i era filha mais nova do velho guerreiro. Era bela e jovem, e cuidava com carinho de seu velho pai quase cego, que se negou a seguir com a tribo à qual pertenciam, quando foi hora de partir. Ele já não podia caçar, pescar, nem caminhar velozmente pela mata. Não tinha mais forças para continuar. Mas antes de sua tribo partir pediu-lhes que levassem sua filha. Era jovem demais para perder sua juventude na solidão da mata, acompanhando seu velho pai. Merecia a companhia de outros jovens.

Mas a jovem negou-se a seguir com a tribo, dizendo que ficaria e cuidaria do velho pai. Aprenderia a caçar e pescar como os homens, e a cozinhar como uma mulher. Ela sabia que sem sua ajuda, o pai não sobreviveria. O pai agradecido, pedia a Tupã que recompensasse a filha por tanto sacrifício.

Um dia apareceu na tapera um viajante estranho, pedindo pousada, pois vinha de muito longe, estava cansado e com fome. O velho, apesar da pouca comida, ofereceu abrigo ao viajante.

Este viajante foi muito bem recebido pelos solitários. Yarí-i caçou e cozinhou para ele. À noite, cantou-lhe um belo e triste canto para que adormecesse na confortável cama que ela mesma lhe havia preparado em uma outra tapera, e na qual esperava que ele tivesse um bom descanso e o melhor dos sonos.

No dia seguinte, o viajante saiu para caçar. Entrou em uma mata próxima, voltando com muita caça para seus hospedeiros. Era em retribuição a tão boa acolhida que teve daqueles dois. Disse que nunca tinha sido tão bem recebido.

Então, preparou-se para partir. Mas antes de recomeçar a caminhada, confessou aos seus hospedeiros ser um enviado de Tupã, que estava preocupado com a sorte dos dois. Para retribuir o tratamento impecável recebido, perguntou-lhes o que desejavam, pois fosse qual fosse o pedido seria atendido.

O velho e cansado pai, pensou na filha, que não casara, não tinha filhos, e ficara apartada de sua tribo para dele cuidar. Pediu então ao mensageiro de Tupã que lhe desse algo para devolver-lhe as forças. Assim Yarí-i ficaria livre para voltar para a tribo já que não precisaria mais cuidar do pai.

O mensageiro de Tupã entregou ao velho um galho de uma árvore que chamou de Caá. Ensinou-lhe que ele deveria colher as folhas e secá-las ao fogo. Depois tinha que triturá-las e colocar dentro da cuia, juntando água quente no frio, ou água fria no calor. Depois que bebesse desta infusão, com um canudo de taquara. Assim voltaria a ter força, vigor, além de que a bebida seria grande companhia até nas horas tristes de solidão.

Por mais que cortasse das folhas da caá ela jamais deixaria de brotar e florir, cada vez com mais vigor, sendo eternamente jovem.

Quanto a Yarí-i foi transformada em imortal, a Caá-Yarí, deusa dos ervais e protetora da raça guarani. Ela tornou-se a responsável pela caá, para que jamais deixasse de existir. Cada um que fizesse uso da caá seria forte e feliz. Yarí-i teria que contar sobre ela para todos. Mas ela não sabia como faria isto isolada no meio da mata, sem ninguém por perto.

Fonte: https://imaginacaoativa.wordpress.com/2009/04/27/lenda-da-caa-y-erva-mate/

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