Fiz questão de tirar meu título de eleitor para exercer meu direito de voto a partir dos 16 anos. Sempre acreditei que o povo tinha total poder sobre o futuro da nação através das urnas. Foi com esse conceito que eu fui educado por meus pais, que passaram poucas e boas na época da ditadura e da recessão econômica na década de 80 (assim como a maioria esmagadora de todos que estão lendo este post).
Lembro-me muito bem, em 1998, na primeira vez que entrava na tal cabine para votação. Era meu horário de almoço (sim, fui 'sorteado' para ser 1º mesário, função que exerci até 2006 com muita satisfação) e digitei 13 sem sentir qualquer tipo de dúvida. Mas, com o sucesso do Plano Real, era impossível que Fernando Henrique Cardoso não saísse como o novo presidente da República Federativa do Brasil. Quatro anos depois, novamente estava firme e forte votando no 13 de Lula. Agora sim, o Partido dos Trabalhadores assumiria a presidência. Não tinha como ser diferente.
Em 2006, com um pensamento político mais amadurecido, vi que o futuro do Brasil não poderia ser baseado em qualquer outra coisa se não fosse pela educação. Para quem leu a trilogia de Laurentino Gomes (1808 / 1822 / 1889), é notório que nossa pátria amada nasceu com uma população de analfabetos, tanto que na época que a Família Real veio para o Brasil, 9 em cada 10 brasileiros não sabia ler. Para se ter uma ideia do nosso atraso na educação, enquanto Portugal teve sua primeira universidade no fim do Século XIII, o Brasil só foi saber o que era uma universidade no início do Século XX. Tudo bem que Dom João VI criou alguns cursos com a vinda da Casa Real Portuguesa, mas não se tratava de uma universidade.
Comparando com outros países da América do Sul, a Argentina teve sua primeira universidade no Século XVII (Universidade Nacional de Córdoba) e o Chile no Século XIX (Universidade do Chile).
Enquanto Lula partia para o segundo mandato, surgiu um candidato em que o lema era a educação em primeiro lugar. Seu nome: Cristovam Buarque. Foi o meu voto mais consciente como eleitor. Tive orgulho de fazer parte dos 2.538.834 brasileiros (2,64% dos votos válidos) que escolheram o candidato do PDT.
Mas por que citar o passado? Simples: sem educação, o Brasil realmente não caminha para frente. Como uma pessoa que, um dia, almeja entrar para a Academia, acho um absurdo o modo com que os governos municipal e estadual do Rio de Janeiro tratam seus educadores. A mensagem que estes políticos passam, ao tratar professor como marginal, é a seguinte: se você não concorda comigo, então você é meu inimigo.
Poderia me alongar mais nesse assunto, mas deixo aqui dois textos. Um é de autoria da professora e minha amiga Flavia Galloulckydio, que esteve na ocupação da Câmara dos Vereadores
Outro texto que deixo é uma coluna que saiu no Jornal do Brasil, uma das únicas mídias que manteve-se imparcial durante todo esse tempo (clique aqui para ler a coluna na íntegra)
Como estes profissionais, depois de tamanha humilhação, depois de serem tratados como vândalos e delinquentes pelo Estado, poderão voltar às escolas e olhar de frente seus alunos? Como poderão continuar a servir de exemplo? Onde ficará sua dignidade, como permanecerá intacta a imagem do doutrinador, do mentor, não apenas de uma turma na escola, mas de toda a sociedade?
Professores ensinam aos engenheiros, aos advogados, aos médicos. Educar é um ofício sublimado. Ao tratar estes profissionais com violência desmoralizante, o Estado está contribuindo de forma decisiva para comprometer a própria formação da sociedade. E este mesmo Estado terá de explicar aos alunos por que seus professores estão merecendo ser tratados desta forma.
Estado bater em professor é o mesmo que Vaticano bater em padres que cobram melhorias.
Quando opta pelo autoritarismo e pela truculência, o poder público não apenas mostra a sua total falta de educação, mas dá a toda a população uma lamentável aula de arrogância, prepotência e desrespeito.
Professores ensinam aos engenheiros, aos advogados, aos médicos. Educar é um ofício sublimado. Ao tratar estes profissionais com violência desmoralizante, o Estado está contribuindo de forma decisiva para comprometer a própria formação da sociedade. E este mesmo Estado terá de explicar aos alunos por que seus professores estão merecendo ser tratados desta forma.
Estado bater em professor é o mesmo que Vaticano bater em padres que cobram melhorias.
Quando opta pelo autoritarismo e pela truculência, o poder público não apenas mostra a sua total falta de educação, mas dá a toda a população uma lamentável aula de arrogância, prepotência e desrespeito.
Para reflexão: com o lema "Servir e Proteger", a PMERJ está servindo e protegendo quem?
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